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Lula volta a criticar juros altos e Campos Neto sinaliza que Selic não deve cair tão cedo

A semana no mercado financeiro brasileiro começou agitada diante das últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que voltou a criticar o alto patamar da taxa básica de juros no país. Poucos dias antes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o BC quer baixar os juros, mas que ainda aguarda o momento certo para fazer esse movimento.

Nesta segunda-feira, 24/04, durante um discurso no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, na cidade de Matosinhos, em Portugal, Lula disse que ‘o Brasil está preparado para voltar a ser um país grande’ e que o desejo é construir ‘políticas de parceria’. Logo em seguida, o presidente voltou a criticar o patamar da taxa básica de juros no país.

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“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. E não existe dinheiro mais barato”.

De volta ao seu lema de campanha, o presidente afirmou que precisa “colocar o pobre no orçamento“. E defendeu que os juros caiam para que haja um estímulo ao crédito – o que pode levar a um crescimento acima do previsto para a economia brasileira ainda em 2023. “É a gente garantir que os pobres possam participar. Porque quando eles virarem consumidor, vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica. […] Mais emprego vai gerar mais salário, é a coisa mais normal de uma roda gigante da economia”, disse Lula.

14° acordo firmado em Portugal, entre @ApexBrasil e @aicep, para cooperação econômica entre nossos países e promoção de pequenas e médias empresas. Vamos produzir e crescer juntos. 🇧🇷🇵🇹

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— Lula (@LulaOficial) April 24, 2023

Essa fala de Lula novamente foi vista por economistas com cautela, uma vez que esse movimento pode gerar ainda mais inflação – o que inibe a queda dos juros. Para o Tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, Pedro Oliveira, apesar do governo pressionar pela queda da Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter, mais uma vez, a taxa em 13,75% na reunião da próxima semana.

“Apesar da inflação acumulada de 12 meses estar em 4,65%, abaixo do teto da meta [4,75%] ela está contaminada pelas medidas de desoneração dos combustíveis do final do ano passado. Sendo assim, o BC foca no núcleo de inflação, que exclui itens voláteis como o combustível, que fechou em 7,51% no acumulado de 12 meses até março, impactado principalmente pela inflação de serviços, que subiu 7,64% no mesmo período. Outro ponto importante observado pelo Comitê é a expectativa de inflação futura, que desde a última reunião se mantém em 4%, acima do centro da meta de 3%. Neste contexto, a inflação está muito longe da meta e não dá margem nenhuma para o Copom reduzir juros”.

Campos Neto e as bases para a queda dos juros

O presidente do BC ainda não vê bases para um corte na taxa básica de juros brasileira. Em um evento em Londres na sexta-feira passada, 21/04, investidores cobraram Campos Neto por uma redução na Selic. Na resposta, o dirigente foi enfático ao dizer que o BC quer a redução dos juros, mas aguarda o momento para fazer esse movimento com “credibilidade”.

“Só 20% do mercado de crédito está ligado à Selic. O resto está ligado às taxas longas. Inclusive, eu estava conversando com o empresário espanhol aqui, e ele disse que não olha a Selic, olha a curva longa. (…) É importante a gente entender que, se a gente não conseguir fazer um movimento na Selic com credibilidade, a taxa longa não cai”.

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Neto explicou ainda que o BC não olha a taxa de juros de um dia e sim a de três, cinco, dez anos. Segundo ele, isso é feito para que a redução da Selic gere um movimento de queda prolongada de juros. “Então, o banco central está esperando o melhor momento para fazer que isso de fato tenha um ganho real para as pessoas.”

O Tesoureiro do Paraná Banco Investimentos explica que para começar a cortar juros, o Banco Central olha a expectativa de inflação 18 meses à frente. Segundo Pedro Oliveira, esse é o horizonte relevante para o BC.

“Um dos fatores para isso acontecer é a responsabilidade fiscal, sendo assim, o governo terá que provar que a nova regra fiscal é factível, que irá limitar os gastos e controlar a dívida. Nossa expectativa, no cenário otimista, é o ciclo de corte começar em setembro, com cortes de 0,5 ponto percentual, chegando a 12,25% em dezembro. No cenário pessimista, o ciclo só se inicia ano que vem e a Selic fecha 2023 em 13,75%”.

Arcabouço fiscal e renúncias

Um outro destaque que mexe com o mercado financeiro nesta segunda-feira, foi a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao jornal “O Estado de S. Paulo“. Na conversa, Haddad afirmou que pretende divulgar os benefícios fiscais de cada CNPJ, e que o objetivo é o corte de R$ 150 bilhões dos atuais R$ 600 bilhões anuais em renúncias tributárias no Brasil.

O ministro disse ainda ver com “bons olhos” uma mudança nas metas de inflação para um período contínuo, e não para um ano-calendário. Fernando Haddad afirmou que já conversou sobre o assunto com o presidente do BC.

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