O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, mostrou uma deflação de 0,07% em julho, após a leve alta de 0,04% no mês anterior, publicou nesta terça-feira, 25/07 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa foi a menor taxa registrada pelo indicador desde setembro do ano passado. O índice ficou mais de nove meses consecutivos no positivo. Em junho de 2022, o IPCA-15 registrou leve alta de 0,13%. No acumulado do ano, a prévia da inflação subiu 3,09%.
Em 12 meses, o IPCA-15 ficou em alta de 3,19%. Importante notar que a prévia da inflação ficou abaixo da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3,25%.
Para o economista, André Perfeito, a deflação no IPCA-15 surpreendeu o mercado, assim como outros indicadores, como o recuo das projeções de inflação medidas pelo boletim Focus, também divulgado nesta terça-feira.
“Houve uma melhora qualitativa do indicador que viu seus núcleos [que medem a tendência dos preços] retrocederem e em especial Serviços Subjacentes [indicador do setor que apresenta menos volatilidade]. Teve também o IGP-M aprofundando sua deflação (-2,92%)”.
Segundo o analista, todo esse cenário sacramenta de vez o corte da taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem.
“Reitero o cenário de corte em 0,50 pontos percentuais e a taxa terminal da Selic ao final deste ano em 11,75%”.
Fonte: IBGE
Quatro dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram queda no mês, com maior variação negativa vinda do grupo de Habitação (-0,94%). (ver mais abaixo)
Energia elétrica e gás mais barato puxam deflação do IPCA-15
O principal impacto para a deflação no índice veio da retração nos preços da energia elétrica residencial, que caíram 3,45%, após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho.
A Tarifa Bônus de Itaipu decorre de saldo positivo na Conta Comercialização da Energia Elétrica de Itaipu em 2022. São beneficiários os consumidores do Sistema Interligado Nacional, das classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo inferior a 350 KWh.
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A queda nos preços do botijão de gás, menos 2,10%, também influenciou a retração do grupo Habitação, um dos que mais impactaram o índice geral. Vale lembrar que no início do mês, a Petrobras reduziu em 3,9% o preço do gás de cozinha (GLP), para as refinarias.
Alimentos consumidos em casa ficam mais em conta
A prévia da inflação de julho também foi para o negativo impactada pela deflação nos preços dos alimentos e bebidas, menos 0,40%.
Houve deflação também na alimentação no domicílio (-0,72%), puxada principalmente pela queda nos preços do feijão-carioca (-10,20%), óleo de soja (-6,14%), leite longa vida (-2,50%) e carnes (-2,42%).
Na contramão, ficaram os preços da batata-inglesa (10,25%) e do alho (3,74%). Assim como o lanche, com forte alta de 1,02% e a alimentação fora do domicílio, que avançou 0,46%.
Gasolina mais cara puxa transportes de volta para o positivo
Após cair na prévia da inflação de junho, os preços do grupo Transportes aceleraram 0,63% neste mês.
O principal impacto veio do aumento nos preços da gasolina (2,99%) e das passagens áreas que avançaram 4,70%, após subirem 10,70% em junho.
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Do lado das quedas, destacam-se o automóvel novo (-2,34%), o usado (-1,05%), o óleo diesel (-3,48%) e o etanol (-0,70%). Todos tiveram deflação.
Menor índice de difusão desde 2020 do IPCA-15
Os números do IPCA-15 trouxeram um resultado ainda mais positivo que a deflação no índice geral. A inflação se espalhou menos pelos produtos que compõem o IPCA-15 em julho.
O chamado Índice de Difusão – que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços, caiu de 50,7% para 48% em julho. É o resultado mais baixo desde junho de 2020 (47,1%).
Veja a variação em julho de todos os grupos do IPCA-15:
Alimentação e bebidas: -0,40%
Habitação: -0,94%
Artigos de residência: -0,40%
Vestuário: 0,04%
Transportes: 0,63%
Saúde e cuidados pessoais: 0,07%
Despesas pessoais: 0,38%
Educação: 0,11%
Comunicação: -0,17%
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