Ainda que o Brasil tenha vencido a hiperinflação com o Plano Real, a inflação acumulada ao longo dos anos corrói o poder de compra dos brasileiros e o dinheiro passa a valer cada vez menos. Mas a nota de R$ 5, para quem ainda guarda uma dentro da carteira, ainda permite comprar alguns itens nos supermercados.
Estudo do Neogrid mostra que de um total de 325 mil produtos comercializados nos supermercados do país e monitorados no mês de julho, 35 mil custam menos do que 5 reais. Desse total, 27 categorias concentram os itens de consumo com maior incidência nos carrinhos de compras, aparecendo entre 2% a 42% das vendas. Veja abaixo:
Veja os itens com preço médio abaixo de R$ 5 no supermercado
ProdutosPreços1Suco em PóR$ 1,392Macarrão InstantâneoR$ 1,893Detergente LíquidoR$ 2,074Sal RefinadoR$ 2,195Gelatina em PóR$ 2,296Água Mineral sem GásR$ 2,497Flocão de MilhoR$ 2,498Palha de AçoR$ 2,569Biscoito WaferR$ 2,7910RefrescoR$ 2,9211Biscoito Recheado DoceR$ 2,9412Guardanapo de PapelR$ 2,9913Vinagre de ÁlcoolR$ 2,9914SalgadinhosR$ 3,2915Pipoca de Micro-ondasR$ 3,4916Molho de TomateR$ 3,5717Creme de Leite UHTR$ 3,5918Tempero em tablete/sachê de GalinhaR$ 3,8919Tempero em tablete/sachê de CarneR$ 3,9520Achocolatados Líquidos/Leite com SaborR$ 3,9821Milho para PipocaR$ 3,9922Sabonete em BarraR$ 4,1923Açúcar RefinadoR$ 4,6924Milho em ConservaR$ 4,7225Fermento QuímicoR$ 4,7926Limpador MultiusoR$ 4,8927Banana NanicaR$ 4,99
Para além do valor abaixo de R$ 5, outro critério para inserção dos itens no levantamento foi uma alta prevalência nos carrinhos de compras. Os preços no estudo representam a média de cada categoria, considerando todas as marcas. Por isso, o consumidor pode encontrar opções mais caras ou até mais baratas do que os valores listados.
Pode ainda haver itens que são encontrados no mercado por valor abaixo de R$ 5, porém não aparecem na lista pois em geral são comprados por valores mais elevados. É o caso do arroz, cujos pacotes de 1kg custam a partir de cerca de R$ 3, porém mais frequentemente são adquiridos em pacotes de 5kg com preço ao redor de R$ 15.
Detergente, gelatina e miojo
Entre os itens monitorados destacam-se vários produtos para higiene pessoal ou da casa: o detergente (R$ 2,07), um dos mais baratos na lista; o limpador multiuso (R$ 4,89), a palha de aço (R$ 2,56) e o sabonete em barra (R$ 4,19).
“Produtos importantes para o dia a dia do consumidor já estão acessíveis por esse valor. O consumidor precisa buscar os melhores preços e as marcas mais baratas”, analisa a responsável pelo estudo, Anna Fercher, que destaca que as marcas próprias dos supermercados costumam ter os preços mais baixos.
No lado da alimentação, alguns destaques neste ano são itens de preparo fácil como macarrão instantâneo (R$ 1,89), gelatina em pó (R$ 2,29), flocão de milho (R$ 2,49) e pipoca de micro-ondas (R$ 3,49); ou prontos para o consumo, como biscoito wafer (R$ 2,79), salgadinhos (R$ 3,29) e a banana nanica (R$ 4,99).
No comparativo com anos anteriores, para além da variação de preços, a novidade foi a entrada de produtos como creme de leite, salgadinho, milho em conserva, milho para pipoca e açúcar refinado.
“Isso mostra uma adaptação do mercado, em relação ou a marcas mais baratas ou a tamanhos diversos de embalagem, que tornam o produto um pouco mais acessível”, explica a coordenadora de dados estratégicos do Neogrid, Anna Fercher.
Segundo a especialista, a análise revela algumas estratégias para conseguir economizar no mercado nos itens não essenciais. “Se você quer comprar um biscoito, você pode comprar um pacote menor e ainda atender aquela sua necessidade no valor que você consegue pagar”, diz.
31 anos após o Plano Real, nota de R$ 5 vale R$ 0,60
A economista Marisa Rossignoli, conselheira do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo) e professora da Unimar (Universidade de Marília) afirma que “é fácil compreender a reclamação da população sobre a queda do poder aquisitivo e dificuldade com o custo de vida”.
Desde o início da vigência do plano Real em 1º de julho de 1994, a moeda brasileira já perdeu 85% do seu poder de compra segundo cálculos de Fernanda Guardian, sócia da Guardian Capital. Em outras palavras, uma nota de R$ 5 de hoje corresponde ao que seria R$ 0,60 quando nossa atual moeda entrou em circulação.
Se a lista de produtos abaixo de R$ 5 hoje parece restrita, em 1994 menos de R$ 1 em moedas comprava diversos itens como refrigerantes, leite e pães.
A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em uma economia. Em termos simples, ela faz com que o seu dinheiro passe a comprar menos coisas do que antes. Suas causas são variadas, como o aumento de demanda, a desvalorização da moeda, altas nos custos, entre outros.
Cabe à política monetária conduzida pelo Banco Central tentar fazer com que a inflação atinja metas anuais. Porém, só desde 2000, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, superou o núcleo da meta em diversas ocasiões e estourou a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual em oito delas.
A expectativa atual do mercado para a alta do IPCA está em 4,85% em 2025 e em 4,30% em 2026, segundo o último Boletim Focus. Caso se cumpra, o teto da meta de inflação (4,5%) será novamente estourado este ano.
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