A perspectiva de menor crescimento global, diante do aperto monetário nas economias para domar a inflação, golpeou em cheio a balança comercial da China no mês passado.
As tensões geopolíticas na área de tecnologia com os Estados Unidos, também tem tornado o caminho árduo para a recuperação do comércio exterior da segunda maior economia do planeta.
As exportações da China caíram 12,4% em junho em relação ao ano anterior, após uma baixa de 7,5% em maio, segundo divulgou nesta quinta-feira, 13/07, o Departamento de Alfândega do país. As exportações respondem por um quinto da economia chinesa.
Além do resultado ser pior que o esperado pelo mercado, ele mostra que os embarques chineses caíram em seu ritmo mais rápido desde o início da pandemia há três anos.
O economista para China da Capital Economics, Zichun Huang, afirmou que já espera um novo declínio nas exportações nos próximos meses. “A desaceleração global na demanda de bens continuará a pesar sobre as exportações. Mas a boa notícia é que o pior da queda na demanda externa provavelmente já ficou para trás”.
Para o porta-voz da Administração Geral das Alfândegas da China, Lv Daliang, a culpa para o fraco desempenho das exportações não é apenas do país asiático.
“Uma fraca recuperação econômica global, desaceleração do comércio e investimento globais e aumento do unilateralismo, protecionismo e geopolítica”, disse durante uma entrevista coletiva em Pequim.
Tensões tecnológicas
A fraqueza das exportações chinesas passa pelos Estados Unidos, que é o principal destino dos seus embarques. O centro desses problemas é a batalha tecnológica dos chips travada entre os dois países.
O país asiático impôs restrições à exportação de gálio e o germânio, dois metais essenciais para as indústrias de semicondutores, telecomunicações e veículos elétricos.
A partir de agosto, os exportadores vão precisar solicitar autorização do Ministério de Comércio da China se quiserem enviar os produtos para fora do país.
Nesta quinta-feira, o governo da China sinalizou que pretende apoiar o setor de tecnologia. No entanto nenhuma medida concreta foi anunciada.
Importações fracas na China
Em junho houve impacto também das importações feitas pela China. Os desembarques de produtos caíram 6,8% em relação ao ano anterior, depois de baixa de 4,5% em maio. A expectativa do mercado era de queda na casa dos 4%.
O principal impacto veio da baixa de 13,6% na importação de semicondutores, seguido pela diminuição de 16,4% na compra de matérias primas. Esse é o ponto de atenção para o Brasil, que tem na China o seu principal parceira comercial, e exporta commodities para o gigante asiático.
O menor ímpeto de compras impactou os preços na China, que registraram deflação de 5,4% em junho na comparação com o mesmo mês de 2022.
Esse foi mais um alerta para a economia global, já que a demanda mais fraca do país tem derrubado os preços das commodities. Se a população chinesa consome menos, há queda nas importações e investimentos.
*Com informações da Reuters
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