A economia está cheia de termos parecidos que, muitas vezes, querem dizer o contrário um do outro. Inflação, deflação e desinflação tratam do ritmo de crescimento dos preços ao longo do tempo. Ainda que sejam semelhantes, estas expressões significam fenômenos bem distintos entre si.
A inflação você já deve conhecer: está sempre na boca do povo e quer dizer que os preços de todos os produtos, um de muitos deles, estão aumentando simultaneamente. Tudo fica mais caro, e encarece a cada dia que passa. Mas nem todo aumento de preços significa uma inflação.
Bora entender o que cada uma dessas palavras quer dizer!
O que é a inflação e por que ela acontece?
A inflação é um aumento constante e consecutivo de um grupo de produtos. “É um processo que se configura após um tempo, normalmente um trimestre”, explica Carla Beni, economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para que a inflação aconteça, é preciso que o encarecimento das coisas, normalmente um conjunto de produtos, aconteça consistentemente através do tempo. Isso quer dizer que, se de um mês para o outro tudo ficou pela hora da morte, mas no mês seguinte os valores se mantiveram, não houve inflação.
O processo inflacionário se caracterizaria se, a cada semana e a cada mês, o preço dos bens e dos serviços aumentasse. Este aumento pode acontecer de maneira previsível, que configura uma inflação natural e, até mesmo, esperada. Mas, se a alta dos preços é repentina, inesperada e imprevisível, o nome dado é hiperinflação.
+ Hiperinflação: o que é e por que acontece
O que é a deflação?
Já a deflação é o exato oposto da inflação. Ou seja: os preços, em vez de aumentarem, diminuem. As coisas começam a ficar mais baratas – o que pode ser bom para o seu bolso, à curto prazo, mas ruim para a economia num geral a longo.
Beni reforça a importância do correr do tempo para definir se uma deflação, uma desinflação ou uma inflação estão acontecendo. “A deflação acontece quando os preços destes produtos caem de maneira estruturada e generalizada em um processo que leva um tempo”, explica.
“Normalmente, períodos longos de deflação caracterizam o início de uma recessão”, diz Roberto Brito de Carvalho, diretor da faculdade de Ciências Econômicas da PUC-SP. A recessão é um quadro que envolve a retração econômica de um país, marcada pela desaceleração ou mesmo queda do Produto Interno Bruto (PIB), que mede o volume de riquezas geradas no país ao longo do ano. Ou seja, a região empobrece – e seus habitantes também.
O que é fenômeno da desinflação?
Mas, se ao longo do tempo, a inflação simplesmente diminuiu seu ritmo de crescimento, o que acontece é uma desinflação. Ou seja: a inflação desacelerou, mas não estacionou ou começou a regredir.
Entenda o que é a meta contínua de inflação, que passa a ser perseguida pelo BC em 2025
“É como se um carro estivesse em movimento, mas com a velocidade diminuindo com o tempo e caminhando para uma estagnação. Os preços continuam aumentando, mas em um ritmo cada vez mais lento”, explica o diretor da Puc.
Desinflação é a inflação menor, enquanto a deflação é o contrário da inflação. A desinflação, assim como a inflação, também joga os preços para cima, enquanto a deflação joga os preços para baixo “Se, hoje, os preços sobem a uma taxa de 10% e, no mês seguinte, o crescimento é de 8%, denomina-se desinflação”, ilustra Juliana Inhasz, coordenadora do curso de Economia do Insper.
Como a economia se comporta com inflação e deflação?
Os três processos acontecem o tempo todo e são, de certa forma, naturais. Afinal, em uma economia livre, os preços se ajustam às condições do mercado e aos vários fatores que podem fazer preço nas mercadorias e nos produtos.
O problema acontece quando tanto a inflação quanto a desinflação estão desenfreados. No caso da deflação, os efeitos mais abrangentes podem incluir aumentos nas taxas de desemprego e fechamento de empresas. Se o problema for a inflação, o poder de compra da população é reduzido, o nível de investimento das empresas diminui e economia cresce menos.
Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.