O próximo passo na inovação para os serviços financeiros. É assim que David Vélez, fundador e CEO do Nubank, vê o potencial da inteligência artificial. “Pensamos na IA como a continuação da mudança promovida pela tecnologia nos serviços financeiros, é uma segunda mudança de plataforma”, disse ele durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta terça-feira (21/01).
“Os smartphones nos permitiram alcançar centenas de milhões de consumidores, com redução de custos. Quando você consegue eficiência, isso significa tarifas mais baratas, um custo menor para todos os consumidores, mas também permite alcançar pessoas que ninguém conseguia antes. Consegue fazer inclusão e chegar a pessoas que têm US$ 100 para investir, ou precisam de um empréstimo de US$ 10”, contou ele.
A inteligência artificial, nessa visão, abre mais uma porta para a inovação nos serviços financeiros. “A IA pode trazer ainda mais eficiência e mais redução de custos, mas também é a continuação do aconselhamento financeiro para os consumidores. A digitalização permitiu a inclusão, mas não resolveu o problema do aconselhamento. Os consumidores têm acesso à conta, mas não sabem como investir, qual o melhor produto. A IA pode ajudar a fazer isso”, afirmou Vélez.
Paridade de gênero pode aumentar PIB global em 20%, mas é preciso evoluir em ações concretas
Iain Williamson, CEO da Old Mutual, também defendeu o potencial da IA e da tecnologia para promover a educação financeira. “O analfabetismo financeiro ainda é grande. Estamos tentando atacar esse problema, e uma das formas que encontramos foi criar uma plataforma gamificada para educar adultos e crianças, e ajudá-los a entender princípios econômicos”, disse. Outra frente de ação, segundo ele, é o engajamento junto a empresas, para levar educação financeira a seus funcionários, e com governos, para incluir conteúdos sobre finanças nas grades curriculares nas escolas.
Outros participantes da discussão também ressaltaram que a IA pode trazer inovações para o mercado, mas lembraram que é preciso cuidado. “Começamos a usar a inteligência artificial para melhorar eficiência e reduzir custos, e é algo promissor”, defendeu Valérie Urbain, CEO da provedora de infraestrutura para serviços financeiros Euroclear. O segundo passo na adoção dessa tecnologia, diz ela, é buscar novas oportunidades. “Estamos não só olhando a IA como ganho de eficiência, mas pelo seu potencial de mudar o mercado. Mas é preciso cautela”, diz Urbain. Segundo a executiva, é necessário pesar os riscos, como cibersegurança, e também ajudar as pessoas a aceitarem a nova tecnologia. “É preciso investir em upskilling [qualificação], para que a gente possa trazer essas novas habilidades para o mercado de trabalho”.
Hisham Alrayes, CEO do GFH Financial Group, grupo de investimento com sede no Bahrein, concordou que encontrar mão de obra qualificada é um desafio. “Há uma escassez de talentos”, disse. Por outro lado, as instituições financeiras não podem mais ficar às margens dessa inovação. “Usar a IA é uma necessidade, não mais uma coisa legal para se ter. Ela pode entregar a melhor experiência que as pessoas demandam, e permite a personalização”, reforçou Hisham Alrayes.
E a dificuldade de atrair talentos não é só para preencher vagas relacionadas à IA, lembrou Iain Williamson, CEO da Old Mutual. “É difícil encontrar pessoas com habilidades digitais, e para atrair esses profissionais, é preciso criar um ecossistema de inovação”, afirmou.
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.